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Praça homenageia a Imprensa Fluminense

A  epidemia de febre amarela, que devastou a população campineira no início do século XIX, garantiu aos grandes nomes da política campineira que deram sua contribuição para a reestruturação da cidade, homenagens por todos os cantos.

Além dos nomes de ruas, como José Paulino, Irmã Serafina, entre outros, uma das homenageadas foi feita de forma generalizada. Durante o período de escassez que a região passou, os jornais cariocas promoveram campanhas em solidariedade à população campineira e, em agradecimento a todos eles, foi determinado que o antigo jardim público fosse denominado Praça Imprensa Fluminense.

As homenagens à imprensa, no entanto, não param por aí. Na praça, ainda, dois grandes jornalistas são referenciados com um monumento. Um deles é de Leopoldo Amaral, jornalista, historiador e antigo morador de um prédio na frente da praça, na Rua General Osório; e o outro, Júlio de Mesquita, advogado, jornalista e fundador do jornal “O Estado de S. Paulo”.

E hoje, muito próximo à Praça está um dos bares mais cotados pelos jornalistas da cidade: o City Bar. Há 58 anos, nas esquinas da Rua General Osório e Júlio de Mesquita, o City é famoso pelo bolinho de bacalhau e pelo ambiente despretensioso. Além de jornalistas, atrai artistas, estudantes, músicos, produtores culturais, professores e boêmios em geral. “Por aqui já passaram desde varredores de ruas até presidentes”, afirma José dos Santos Antônio, proprietário do bar há 16 anos.

Antônio conta que sempre quis fazer algo para ser reconhecido pela cidade. Após saber que o estabelecimento estava à venda, resolveu se instalar ali, “Eu sempre quis um lugar no Centro para marcar história em Campinas”. Português, Antônio passou a vender os bolinhos de bacalhau; e logo a especialidade ganhou fama por toda a região. “Meus bolinhos de bacalhau são o melhor do mundo. Sou campeão pela sexta vez como melhor bar de Campinas”, se orgulha o proprietário.

De volta à historia da praça

Entre 1876 e 1883, teve início a criação de um Passeio Público em Campinas, um espaço para que os moradores e visitantes pudessem "tratar da saúde, do bem estar, da vida", como descreveu a Gazeta de Campinas à época.

A construção do local, conhecido como Largo Municipal, teve a colaboração de vários segmentos da cidade, como os fazendeiros que cederam escravos para a execução dos trabalhos de preparação do terreno, além de botânicos para a escolha da vegetação que seria plantada. O objetivo era transformar a área em um "jardim inglês", tendo o Passeio Público do Rio de Janeiro como principal referência.

Após a sua conclusão, a praça passou a contar, ainda, com uma gruta com cascata e um largo artificial, além de apresentações de coretos. As novidades atraíram a população para uma nova forma de lazer público caracterizado pela música, pelos encontros e passeios.

Em 1882, o “Largo Municipal” ainda não tinha nome oficial e surgiu a sugestão de batizá-lo como “Eleição Direta”, pelo novo sistema de eleição adotado pelo país. O autor da idéia foi Senador Saraiva, que passou também a ser cotado para denominar a praça.  Finalmente, em 1889, a praça recebeu a denominação de Imprensa Fluminense, em homenagem à ajuda prestada pelos jornais cariocas.

Processo de remodelação até se chegar ao Centro de Convivência

O Passeio Público sofreu muitas transformações durante o Século XX, acompanhando as mudanças da cidade. Novas avenidas foram abertas para dar passagem ao fluxo progressivo de pessoas e carros, novas casas e edifícios reurbanizaram a área, perdendo as antigas e populares moradias que originaram o bairro Cambuí.

Com a demolição do Teatro Municipal, em 1965, surgiu a necessidade de criar um novo “espaço cultural” para Campinas. A Praça Imprensa Fluminense foi a principal opção e a construção do Centro de Convivência Cultural (CCC) redefiniu sua ocupação e sentido original.

No entanto, para manter as árvores centenárias, o projeto do arquiteto Fábio Penteado, foi alterado, preservando o meio ambiente.

Assim, em 1976, foi inaugurado o Centro de Convivência Cultural com grandes comemorações por parte da população campineira porque, a partir daquele dia, a cidade contaria com um novo espaço de espetáculos.

Embora o CCC ocupe apenas a área central da praça, já é costume na cidade se referir à praça toda como o "Centro de Convivência". Atualmente, o local possui dois teatros: o Teatro de Arena, com capacidade para cinco mil pessoas; e o Teatro Interno Luiz Otávio Burnier, com 500 lugares. Também há um espaço para exposição de arte. Aos finais de semana, a Praça recebe uma das mais conhecidas feiras da cidade, conhecida como “Feira Hippie” com pastéis, quitutes e artesanatos.

Palco para a Orquestra Sinfônica

O Teatro Interno é também palco da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas. Com 70 músicos fixos, os ensaios são realizados durante a semana para as apresentações aos sábados e domingos.

Reconhecida como uma das mais dinâmicas orquestras do País, a Sinfônica de Campinas, como é carinhosamente chamada, foi a primeira instituição de seu gênero a surgir em uma cidade brasileira que não fosse capital do Estado. Já no início do século XX, o amor do povo campineiro pela música transformou a cidade em rota obrigatória de alguns dos principais programas sinfônicos e operísticos, estimulando, assim, a criação de uma orquestra local.

Em 1929, um grupo de cidadãos resolveu fundar uma sociedade com o objetivo de reunir os músicos dispersos na região e manter a tradição da música sinfônica na cidade, a Sociedade Sinfônica Campineira foi criada, em caráter armador.

A partir de 1975, porém, a orquestra passou a recebeu apoio do poder público. Desde então, tem atraído grandes músicos para os seus quadros, com passagem obrigatória nos principais festivais e eventos eruditos. Paralelamente às suas atividades regulares em salas de concerto, apresentam-se nos mais variados ambientes, internos e externos. Hoje, a Orquestra Sinfônica é mantida pela Prefeitura Municipal de Campinas, através da Secretaria de Cultura.


Mais atrativos

Um atrativo a parte durante os ensaios da Orquestra é um cachorro, conhecido como Cabeção. Mestiço de boxer, é frequentador assíduo da praça. Giany Agege, dona do cão, conta que há dois anos passou a ter o compromisso de levá-lo até lá. “Desde pequeno ele gosta de vir aqui brincar de jogar bola com os sinfônicos. Quando eles não estão aí, ele tenta encontrar alguém na Praça”, conta.

Após engravidar, Giany deixou de ir à Praça durante seis meses. Nesse período, o cão engordou e abandonou a bola que sempre levava na praça. “Eu percebi que ele estava ficando triste. Tive que voltar a freqüentar a praça.” Entre os sinfônicos, o carinho pelo cão é unânime “Ele é o personagem principal daqui, mereceria uma placa em homenagem,” defende a dona.

 Apoio à pesquisa: Wagner Paulo dos Santos

Fontes:

www.osmc.com.br

Autor: Juliana Ferreira Última alteração em 19 de Setembro de 2010 às 22:42